Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (29) a Operação Linhagem, que mira uma organização criminosa acusada de movimentar cerca de R$ 362 milhões em atividades ilícitas nos últimos três anos, incluindo tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Entre os alvos da operação, está uma servidora da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), em uma revelação exclusiva do Portal do Alex Braga.

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Trata-se de Emile Gomes Lasmar, nomeada para um cargo comissionado na ALEAM no início de fevereiro deste ano. As investigações apontam que a servidora Emile é esposa de Radson Alves de Souza, ex-vereador do município de Tonantins, preso em 2015 durante a Operação La Muralla, que desarticulou a facção criminosa Família do Norte (FDN). À época, Radson foi acusado de operar esquemas de aluguel de contas bancárias para transferir recursos do tráfico de drogas para o exterior.

Segundo a Polícia Federal, a servidora Emile Lasmar teria utilizado sua conta bancária pessoal para movimentações financeiras atípicas, o que levantou suspeitas de participação ativa no esquema criminoso. Ainda conforme apuração exclusiva do Alex Braga, ela aparece como sócia de uma rádio localizada no município de Santo Antônio do Içá (AM), ao lado do próprio irmão. No entanto, a suspeita dos investigadores é de que o verdadeiro proprietário da rádio seja seu pai, Abrãao Magalhães Lasmar, ex-prefeito da cidade.

Organização familiar e estrutura de fachada
A investigação, conduzida em conjunto com o Núcleo de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, revelou que os principais integrantes do esquema pertencem à mesma família e se valeram de empresas de fachada para disfarçar os lucros do tráfico. Os suspeitos são dois ex-vereadores e policiais civis, todos com passagens anteriores por crimes ligados ao narcotráfico e ligação direta com traficantes de várias regiões do Amazonas.

As autoridades identificaram ainda o uso de “laranjas” entre eles esposas, empregadas domésticas e parentes, para movimentar grandes volumes de dinheiro sujo. Uma das linhas de investigação apura se parte desses recursos foi utilizada para financiar campanhas eleitorais, indicando a possível infiltração da organização criminosa em estruturas políticas e institucionais do estado.
A operação visa coletar provas adicionais sobre o funcionamento do esquema, identificar a origem das drogas e mapear todos os envolvidos. Os investigados poderão responder por crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de capitais, com penas que ultrapassam os 30 anos de prisão.
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