No dia 13 deste mês, Pedro Vitor completaria um ano de vida. Mas a data que deveria ser celebrada por sua família é marcada por dor e revolta. O bebê, com apenas dois meses na época, morreu após receber uma medicação de forma errada no Instituto da Criança do Amazonas (ICAM), localizado na zona sul de Manaus. A família denuncia que o medicamento foi aplicado de forma incorreta e acusa o hospital de negligência médica.
Segundo Arina Malveira, mãe de Pedro, o filho estava internado tratando um quadro de bronquiolite quando, durante o plantão noturno do dia 19 de julho do ano passado, houve uma troca de medicação que resultou em consequências fatais. Em vez da penicilina cristalina, antibiótico indicado e previsto para o tratamento, Pedro teria recebido uma dose de penicilina benzatina — e o pior: aplicada diretamente na veia, quando a administração correta do medicamento seria por via intramuscular.

Leia mais: Sistema de Saúde pública do Amazonas mata bebê de 2 meses com Benzetacil
A aplicação incorreta causou uma reação imediata e grave no bebê, que rapidamente apresentou complicações como parada cardíaca, problemas renais, hemorragia e insuficiência respiratória. Ele foi transferido para uma sala improvisada de cuidados intensivos, já que, segundo a família, não havia UTI disponível para crianças com resultado positivo para Covid-19 na rede pública de saúde de Manaus. Após três dias de luta pela vida, Pedro faleceu na madrugada de 22 de julho.

“Meu filho estava melhorando, ele estava reagindo ao tratamento. Mas na noite do dia 19, trocaram o medicamento. Foi um erro que custou a vida do meu filho. Ele sofreu muito, teve várias complicações. A gente implorou por uma UTI, mas não tinha vaga. Tudo isso poderia ter sido evitado”, relata Arina, que está novamente grávida, mas afirma viver com a dor constante da perda do filho. “Ele era nossa alegria. Nunca imaginamos que isso fosse acontecer. E o pior é saber que isso continua acontecendo com outras crianças.”
O caso ocorreu durante a gestão do governador Wilson Lima, que enfrenta diversas críticas relacionadas à precariedade da saúde pública no estado. Faltam leitos, profissionais, estrutura mínima e, sobretudo, responsabilidade com a vida dos pacientes mais vulneráveis. A morte de Pedro escancara, mais uma vez, o colapso de um sistema que deveria proteger, e não ceifar vidas.
Até o momento, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) não se pronunciou oficialmente sobre o caso de Pedro Vitor. A família afirma que também não recebeu qualquer tipo de assistência psicológica ou apoio institucional após a tragédia.
NOTA
O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a SES-AM para questionar o caso do Pedro Vitor, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Leia mais: +Verdade: Bebê que teve intestino perfurado segue sem auxílio