Segunda-feira, 22 Setembro

O governador Wilson Lima (UB) sai das eleições municipais em Manaus como o grande perdedor do pleito. Viu seu candidato principal, Roberto Cidade (UB) amargar o quarto lugar. No segundo turno, colocou seus apoiadores para fazer campanha em prol de Alberto Neto (PL), e apoiou nos bastidores o deputado federal, que também não foi eleito.

Agora, faltando dois anos para as próximas eleições, o governador ficou sem apoio na Prefeitura de Manaus para uma eventual candidatura a senador, que o obrigaria a deixar o cargo para fazer campanha, e entregar o comando para Tadeu de Souza (Avante), que foi indicado pelo prefeito David Almeida (Avante), e coordenou a reeleição municipal do candidato que venceu Wilson Lima e todo o seu grupo nas urnas, no último domingo (27).

“QG DO CIRME “QUEIMOU CIDADE”

A primeira baixa do grupo político de Wilson Lima ocorreu no primeiro turno, quando Roberto Cidade entrou na disputa com a missão de chegar ao segundo turno.

Só que na semana da eleição, um vídeo tramando o uso da máquina e de milícia em Parintins, na casa da família do parlamentar, feriu de morte a chapa formada com Coronel Menezes.

Leia mais: Entenda como funciona o organograma do QG do Crime de Wilson e Roberto Cidade

A trama para eleger Brena Dianá na Terra dos Bois mostrou secretários de Wilson Lima planejando coação de eleitores e confessando que a mesma tática seria usada em Manaus.

O vídeo com os secretários de Administração, Fabrício Barbosa; de Cultura, Marcos Apolo; o Diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), Armando do Valle; e oficiais da PM, como o tenente-coronel da Rocam Jackson Ribeiro, em reunião arquitetando estratégias para garantir a vitória de Brena Dianná, candidata do governador à Prefeitura de Parintins, foi o maior escândalo eleitoral do primeiro turno.

Ao final, Roberto Cidade não foi para o segundo turno, ficou atrás de Amom Mandel e tanto ele, quanto Wilson Lima, tiveram que ficar publicamente fora do segundo turno, ara não ligar o nome do QG a Alberto Neto.

DEPOIS DA QUEDA, O COIÇE NO SEGUNDO TURNO

A derrota no segundo turno deixou Wilson apenas com seu “plano B” como última cartada para salvar o grupo político e não deixar escapar o maior e mais importante colégio eleitoral do Amazonas. Alberto Neto começou a receber apoio dos aliados do governador, mas diante da humilhação com Roberto Cidade, ficou claro que esse apoio teria de ser velado.

Sem pedir votos para o candidato que Wilson tentou derrubar antes do pleito. indo ao encontro de Jair Bolsonaro para pedir que o dono da fazenda de camarão no Ceará não atrapalhasse os planos do presidente da Aleam, restou ao governador ficar à sombra da campanaha.

Durante o segundo turno, a revelação de que a vice na chapa, Maria do Carmo Seffair, estava devendo IPTU, o áudio da denúncia de CAIXA 2, chacoalharam a moral da chapa.

A descoberta do empreendimento no Ceará, o voto contra a Zona Franca de Manaus, a campanha ofensiva e baseada apenas no apoio de Bolsonaro, a falta de destinação de emendas para Manaus e processos como os de extorsão, agressão e não pagamento de pensão desidrataram o “plano B de Wilson Lima.

O apoio de Amom Mandel (Cidadania), com quem Alberto Neto trocou farpas no primeiro turno, ajudou a fazer o efeito contrário e selar a derrota do grupo de Wilson Lima em Manaus.

WILSON LIMA, A JOICE HASSELMANN DE 2026

Sem conseguir se estabilizar como liderança estadual de direita, Wilson Lima se vê numa encruzilhada. Se não sair para se candidato o senador, perderá o foro privilegiado contra processos que responde no STJ e que podem levá-lo preso e com os direitos políticos cassados.

Para alguns radicais de direita, Wilson pode ser comparado a Joice Hasselmann, que chegou a ser líder de Bolsonaro no Congresso, antes de trair o bolsonarismo e hoje amargar o ostracismo, sem mandato e relegada à blogueira.

Se deixar o cargo entregará o Estado para o coordenador de campanha de David Almeida, a quem ele tentou derrotar em Manaus. Wilson ainda se vê cobrado por grupos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o acusam de usar a popularidade do líder nacional para ser eleito, e hoje renegar o legado do antecessor de Lula.

As duas tentativas fracassadas de comandar Manaus colocando na Prefeitura seus aliados deixou a governador do Amazonas exposto, ameaçando a carreira política de apenas 6 anos do ex-apresentador, que pode sucumbir à nomes com mais experiência como os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), aliados de primeira hora de Lula, a quem Wilson também tentou combater no Amazonas e acabou derrotado nas eleições para presidente de 2022.