Vazaram neste domingo (29), mais trechos da alta cúpula do Governo do Amazonas reunida na casa do deputado estadual e candidato a prefeito Roberto Cidade, onde o grupo do governador Wilson Lima articula esquema com uso da máquina pública para eleger Brena Dianná prefeita de Parintins. Nas gravações, o plano de poder em Manaus é citado como referência. O presidente da Cosama, Armando do Vale, deixa claro que Wilson “não pode perder a eleição em Manaus”.
São organizados durante a reunião os esquemas para grampear, perseguir e usar a máquina pública para que o grupo de Wilson vença a eleição a qualquer custo. “Igual a ele fez na campanha para governador”, diz Amando, sentado junto com o secretário de Cultura, Marcos Apolo Muniz; o secretário da Casa Civil, Flávio Anthony; o secretário de administração, Fabrício Barbosa; o comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar em Parintins, tenente coronel Francisco Magno Judss e um oficial da tropa de choque.
Em seguida ele diz que é preciso o time de Parintins deixar tudo organizado, porque as forças do governo e do governador estão voltadas agora para Manaus.
Armando, que a todo tempo dá ordens em nome do governador, afirma que é preciso articular os grampos, acionar a Polícia Federal, arrumar a logística de perseguição de transporte e não deixar passar nada.
A reunião do dia 3 de agosto na casa do candidato de Wilson Lima a prefeito de Manaus não deixa dúvidas: o plano de poder não pode dar errado. Ele ainda xinga o marido da candidata Brena Dianná, o advogado Paulo Feitoza, e diz que ele está atrapalhando os esquemas.
Armando ainda destaca que, em Parintins, Wilson Lima deu todo apoio para que os adversários políticos sejam perseguidos, inclusive escolta da PM, e promete arrumar motos para monitorar os passos do grupo rival, que apoia Mateus Assayag (PSD).
É quando o secretário Fabrício Barbosa completa. “O Wilson Lima mandou da a moto”.
VEJA OS NOVOS VÍDEOS:
ENTENDA A DENÚNCIA
Os vídeos que somados tem mais de uma hora de duração e vazaram neste fim de semana são graves. Os participantes revelam as ações ilegais montado pelo grupo para favorecer sua candidata, a vereadora Brena Dianná. Nelas, eles deixam explícito a montagem de operações policiais empregando um contingente de 28 homens da tropa de choque para praticarem abordagens seletivas a pessoas partidárias do candidato Mateus Assayag.
E também citam que em Manaus Wilson Lima faz o mesmo processo ilegal para eleger Roberto Cidade. A denúncia foi levada por Assayag para a Polícia Federal e o Ministério Público, onde ele pede a prisão de todos os envolvidos.
PERSEGUIÇÃO
O caso mais recente foi o constrangimento sofrido pela servidora pública Rita Maria, mãe da candidata a vice-prefeita de Mateus, Vanessa Gonçalves. Ela foi interceptada por policiais de arma em punho, após retirar parte de seu salário em uma agência bancária. Sem nenhum mandado judicial ela foi coagida a ir para Delegacia de Polícia, onde policiais tentaram ter acesso a sua conta bancária.
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Em outro momento do vídeo, Armando do Vale justifica a trama. “Numa campanha só não vale é perder”, advertiu aos demais presentes.
WILSON MANDA GRAMPEAR
Em outro momento da conversa e revelador. Desde junho o grupo do governador Wilson Lima vem promovendo escutas ilegais, com a clonagem de telefones celulares de pessoas próximas ao prefeito Bi Garcia, executada nas dependências do Liceu de Artes e Ofícios de Parintins, conforme revela o tenente coronel Francisco Magno Judss.
Um dos alvos foi o funcionário do prefeito Bi Garcia, o “Cearazinho”. “Se a gente perder o grampo deles, a gente está fora”, comenta Armando do Vale, dando evidências que mais pessoas tiveram seus telefones clonados criminosamente.
Mais recentemente um grupo de policiais da Secretaria Especial Adjunta de Inteligência esteve em Parintins. Munidos de aparelhos de escuta ele gravaram clandestinamente conversas de pessoas da cidade.
TRÁFICO RECRUTADO
Wilson Lima também ordenou que traficantes e assaltantes de bancos – do Pará e dois residentes em Parintins sejam recrutados para simularem suas prisões, com objetivo de justificar a presença da tropa de choque no município. Esse grupo de seis criminosos foram hospedados em uma casa pelo grupo e ainda receberiam um cachê para participar da trama.
Em outro momento eles deixam claro a utilização de auditores fiscais da Secretaria da Fazenda baseados em Manaus para realizarem devassa em fornecedores da Prefeitura ou empresários que não se engajaram na campanha da candidata Brena Dianná.
O grupo como se pode constatar nos áudios da conversa, planeja trazer no dia da eleição em Parintins, 20 policiais de Itaituba, Pará. A mílicia paraense arregimentada vai atuar nos maiores colégios eleitorais na Zona Rural, sob a “supervisão” de um policial militar e cada comunidade. Os policiais paraenses estão sendo cooptados por um empresário que tem negócios com o governo Wilson Lima.
“Lamento muito que tudo isso esteja acontecendo. Sem dúvida nenhuma, isso é um golpe gigantesco em todo o povo de Parintins. (…) Uma estruturação de uma verdadeira organização criminosa dentro do Governo do Estado, que arquiteta tudo isso que está acontecendo aqui, dia após dias. Tudo montado, planejado e arquitetado”, disse Assayag.
CASA NO NOME DA PRIMA
Sobre a casa onde a reunião foi realizada, o imóvel é de propriedade de Roberto Cidade, mas foi colocado no nome de Adriana Cidade, prima e assessora do candidato à Prefeitura de Manaus.
Veja o documento: