Antônio Denarium e Cecilia Lorenzon são destaques negativos esta semana na Veja por um suposto esquema de corrupção denunciado pelo Portal Alex Braga com exclusividade este ano. A denúncia mostra como teria ocorrido o desvio de produtos destinados aos Yanomami e sua venda para benefício de integrantes de uma “quadrilha”.
Conforme a reportagem relembra no início deste ano, a Polícia Federal encontrou, dentro de uma casa abandonada em Boa Vista, caixas e sacolas com medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde, muitos deles com prazo de validade vencido, que deveriam ter sido entregues aos indígenas.
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Os agentes também encontraram lotes de remédios queimados no imóvel, que pertence a um funcionário da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), pasta comandada por Cecília Lorenzon, indicada ao cargo por Antonio Denarium.
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A reportagem do Portal Alex Braga foi até o local.
NA VEJA
Segundo a revista Veja, o dono da casa decidiu colaborar com as investigações da Polícia Federal. Então, na semana passada, teria detalhado como funcionava o esquema. Em depoimento, conforme a reportagem, o funcionário disse que o empresário Wilson Basso, marido de Lorenzon, pediu a ele que levasse os medicamentos para o tal imóvel abandonado.
O pedido teria sido feito depois de a PF cumprir um mandado de busca e apreensão na residência do empresário para apurar suspeita de superfaturamento na execução de contratos de fornecimento de insumos hospitalares e medicamentos aos Yanomami. O esquema teria desviado quase R$ 1 milhão.
Ainda de acordo com a Veja, o funcionário da Sesau contou ainda que telefonou para a secretária no dia em que os policias apreenderam os remédios encontrados em sua casa a fim de questioná-la sobre o que estava acontecendo. Como resposta, teria ouvido que não era para se preocupar, “pois não era problema dela e nem dele”. O colaborador teria acrescentado que entrou em contato novamente com Cecília após deixar a prisão. Na ocasião, ela teria dito a ele, sem entrar em detalhes, que o governador estava ciente do caso.
A matéria destaca que a Polícia Federal suspeita que o desvio dos medicamentos era acompanhado de um esquema de lavagem de dinheiro. Dentro de um caminhão usado para transportar a mercadoria surrupiada, que seria de propriedade do marido da secretária de Saúde, agentes teriam encontrado cartões de crédito e débito em nome de laranjas, extratos bancários e anotações com indicações de pagamentos para a secretária, a mãe e o marido dela.
“Revela-se a provável existência de um organismo criminoso, circunstância essa que está diretamente relacionada com o crescimento da morte dos indígenas Yanomami”, diz um trecho do inquérito da PF, segundo a Veja.
A reportagem ressalta que procurou o governador Antonio Denarium e a secretária de Saúde Cecília Lorenzon, mas que ambos não responderam.