Sexta-feira, 5 Julho

Manaus – Na manhã desta quarta-feira (05), o ex-secretário da Secretaria de Cidades e Territórios (Sect), João Coelho Braga, conhecido como “Braguinha”, foi um dos alvos da Operação Greenwashing da Polícia Federal, que tem como foco a investigação da ilegal venda de R$ 180 milhões em créditos de carbono de áreas da União invadidas no Amazonas.

Os agentes da PF estão desde às 5 da manhã cumprindo mandados judiciais em condomínio de luxo, localizado no bairro Dom Pedro, onde Braguinha reside.

Além de sua atuação na Sect, Braguinha já esteve à frente da Superintendência de Habitação do Estado (Suhab) e ocupou outras secretarias em gestões municipais anteriores. A PF também está realizando ações em outro residencial no bairro Parque 10, na zona sul, e na Baixada Fluminense, na zona norte.

Leia Mais: ‘Braguinha’ deixa Sect com suspeitas de irregularidades na gestão

Operação Greenwashing da PF

De acordo com as informações da PF, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva e 76 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal da Seção Judiciária do Amazonas, nos estados de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Ceará e São Paulo.

Policiais federais cumprem ainda 108 medidas cautelares diversas da prisão, oito suspensões do exercício da função pública, quatro suspensões de registro profissional no CREA e sete bloqueios de emissão de Documento de Origem Florestal (DOF’s), bem como o sequestro de R$ 1,6 bilhão.

A operação conta com o apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Receita Federal do Brasil (RFB), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), acadêmicos e profissionais de registro de imóveis.

Esquema

A investigação revelou um esquema de fraudes fundiárias que se estendeu por mais de uma década e foi iniciado em Lábrea/AM, envolvendo a duplicação e falsificação de títulos de propriedade. Essas fraudes resultaram na apropriação ilegal de cerca de 538 mil hectares de terras públicas.

Nos últimos três anos, uma nova expansão das atividades ilícitas do grupo ocorreu na região de Apuí/AM e Nova Aripuanã/AM. As irregularidades identificadas incluem a emissão de certidões ideologicamente falsas por servidor da Secretaria de Cidades e Territórios (Sect), a sobreposição de registros e a apropriação indevida de terras públicas.

Entre as atividades ilegais identificadas estão a exploração florestal e a pecuária em áreas protegidas, incluindo a criação de gado “fantasma” para atender áreas com restrições ambientais, a venda de créditos virtuais de madeira e a obtenção de licenças ambientais fraudulentas.

De acordo com as investigações, foram explorados ilegalmente mais de um milhão de metros cúbicos de madeira em tora, gerando um dano ambiental estimado em R$ 606 milhões. A operação também revelou que a organização obteve cerca de R$ 820 milhões em terras griladas.

Leia Mais: TCE-AM multa três ex-secretários da Sect de uma só vez