Sábado, 20 Setembro

Em vídeo divulgado nas redes sociais, neste sábado (06/01), o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) divulgou uma denúncia feita à Polícia Federal ainda em dezembro do ano passado, do suposto envolvimento de membros da Segurança pública do Amazonas com organizações criminosas, o que teria ocasionado ameaças e intimidações pessoais contra o parlamentar.

Em depoimento à Polícia Federal, Amom relatou que, no último dia 13, teve acesso a relatório da Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência do Amazonas com provas de ligações diretas da alta cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM), Secretaria de Administração Penitenciária e Comando Geral da Polícia Militar com organizações criminosas e o tráfico de drogas.

Diante dos dados e análises de especialistas da área jurídica de seu gabinete parlamentar, as informações foram repassadas à Polícia Federal, de forma a garantir uma severa apuração sobre o caso e resguardar sua segurança e de seus familiares.

No entanto, após a denúncia, iniciou-se uma sucessão de intimidações decorrentes das irregularidades denunciadas.

“O relatório cita o nome de pessoas importantes e poderosas do nosso Estado. Por esse motivo, a possibilidade do sigilo dele ter sido quebrado pode colocar a minha vida e a das pessoas que trabalham conosco em perigo”, afirmou o deputado.

Entre as coerções, estão o vazamento de informações pessoais de seus familiares, a disseminação de informações falsas sobre seu mandato e a abordagem violenta feita por policiais da Ronda Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) enquanto o deputado circulava na Zona Leste de Manaus com sua companheira.

O parlamentar fez um pedido de proteção à Polícia Federal para assegurar a sua segurança e a de seus familiares. “Se algo acontecer comigo, com meus familiares ou entes queridos, a Polícia Federal sabe quem são os culpados e mandantes”, ressaltou o parlamentar.

Em entrevista coletiva realizada na tarde deste sábado (06/01) o secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), Vinicius Almeida, esclareceu a abordagem realizada por uma equipe da Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam), durante o lançamento da Operação Impacto, na quinta-feira (04/01). Ele ressaltou que o deputado federal Amom Mandel cometeu abuso de autoridade e humilhou os policiais que estavam realizando o trabalho naquela noite, se valendo do cargo parlamentar que ocupa.

”O que aconteceu foi uma abordagem padrão da Polícia Militar e que ao final os policiais foram desrespeitados, humilhados e esses são os fatos. ”, disse o titular da SSP.

Acompanhado do subcomandante da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), coronel Thiago Balbi, do subcomandante do Comando Policial Especializado (CPE), Peter Santos e do Delegado Geral Adjunto da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Guilherme Torres, o titular da SSP explicou que a abordagem realizada não apresentou anormalidade e seguiu o padrão adotado pela Polícia Militar para qualquer atitude suspeita.

“Temos que compreender que do outro lado tem um pai de família. Quantos policiais nós já perdemos e não foram poucos, porque negligenciaram sua segurança na hora da abordagem. Não peçam para o nosso policial morrer. Nossos policiais foram desrespeitados”.

De acordo com o subcomandante CPE, ao chegar na ocorrência cumprimentou o deputado e questionou os policiais sobre a abordagem que havia acabado de acontecer. “Segundo o relato da equipe, eles verificaram o veículo que estava com as lanternas apagadas, transitando pela via, mudando constantemente de faixa. Então, os policiais resolveram fazer a abordagem para verificar a situação. Tentaram parar o veículos algumas vezes, emitindo sinais sonoros e luminosos e com gestos, mas não foram atendidos. Quando conseguiram fazer a parada do veículo, os policiais verificaram que no veículo estavam três pessoas”, explicou o subcomandante do CPE, tenente-coronel Peter.

De acordo com o comandante do CPE, segundo relatos da equipe da Rocam, o deputado desceu do carro contrariado, questionando os policiais por qual motivo estava sendo abordado. Os agentes tentaram explicar que se tratava de uma abordagem padrão, mas o deputado continuou questionando o trabalho da equipe e por não concordar com a abordagem, informou que estava dando voz de prisão à guarnição. Ainda de acordo com o comandante o mesmo aconteceu com ele, ao receber voz de prisão do deputado após explicar que os policiais não poderiam ser presos e encaminhados para um Distrito Policial, por serem militares.

Após dar voz de prisão a guarnição e ao subcomandante do CPE, o subcomandante da Polícia Militar, coronel Thiago Balbi, se deslocou para atender a ocorrência. Ao chegar ao local o subcomandante ouviu o relato do deputado federal e explicou que a situação, por envolver policiais militares, de acordo com o regimento interno da instituição, poderia ser encaminhada, naquele mesmo momento, à corregedoria do Sistema de Segurança Pública. O deputado se recusou a tomar tal medida e solicitou a presença do secretário de Segurança no local.

O secretário então se deslocou até a ocorrência e ao chegar se deparou com o deputado, novamente, exigindo que os policiais fossem presos em flagrante por suposto abuso de autoridade e levados para uma delegacia. Os envolvidos foram, então, encaminhados ao 14º Distrito Integrados de Polícia (DIP), onde foram ouvidos pela delegada de plantão, que não verificou a existência de elementos para que os militares fossem presos em flagrante. Um inquérito policial foi aberto para apurar o caso.

“Não é uma abordagem policial do dia a dia que vai nos tirar o foco do trabalho das instituições. Mas o respeito é importante. A Polícia Militar tem 186 anos. A ROCAM é um patrimônio da segurança pública”, finalizou o secretário.