Sábado, 13 Setembro

O governador Antônio Denarium foi alvo de uma nota de repúdio da Diocese de Roraima e de mais 32 movimentos sociais, por conta das queimadas que tomam conta do estado e fecham o céu com fumaça.

A carta pede providências e destaca o sofrimento do povo roraimense diante da inoperância do Governo. “O cenário afetou diretamente a saúde dos povos ribeirinhos, moradores da cidade e do interior de Roraima. A situação é gritante e desesperadora”.

Denarium deixa comunidades abandonadas

“Essas comunidades, já marginalizadas, enfrentam agora uma situação ainda mais precária, tendo seu modo de vida, cultura e saúde postos em risco iminente pela falta de água. Sem água não é possível manter as plantações e os animais, o que tornou a escassez de alimentos produzidos pelas famílias uma realidade no nosso estado”, diz a Diocese.

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Alegam ainda que o governo “tem tido como resposta criminalizar os povos indígenas pelas queimadas, efetuando prisões de tuxauas, alegando que os mesmos são os responsáveis por esse quadro”. Além disso, criticam a atuação do governo frente às consequências do garimpo ilegal para a população indígena.

A carta ainda pede:

  • Criação e fortalecimento de um plano estadual de prevenção e combate a incêndios florestais;
  • Apresentação e prestação de contas dos recursos estaduais e federais utilizados nas ações de combate às queimadas em Roraima;
  • Apoio e fortalecimento das iniciativas de manejo sustentável dos recursos naturais pelas comunidades tradicionais;
  • Investimentos em saúde pública para atender às necessidades emergenciais causadas pela inalação de fumaça e contaminação por mercúrio;
  • Ações concretas para o combate à mineração ilegal e à estrutura logística e financeira que dão suporte ao garimpo
  • Programas de recuperação de áreas degradadas e reflorestamento;
  • Promoção de um diálogo aberto entre movimentos sociais e governo.

Queimadas em Roraima

O estado de Roraima registrou em fevereiro deste ano 2.057 focos de queimadas, segundo dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número corresponde a 45% de todos os focos detectados no país no mês passado (4.568).

Desde o início do ano, são 2.661 focos de queimadas detectados em Roraima. O número é maior do que todos os focos registrados em 2023 no estado: 2.659. Em fevereiro do ano passado, foram registrados 168 focos em Roraima.

Os municípios com mais focos de queimadas em fevereiro são Mucajaí (401), Caracaraí (335), Amajari (235) e Rorainópolis (218).

O Corpo de Bombeiros de Roraima aponta a prática local de atear fogo para “limpar” a terra como uma dos fatores que agravam a situação, uma vez que o fogo pode sair de controle.