Mesmo com um orçamento bilionário e novos investimentos anunciados pelo governo federal, a saúde no Amazonas continua marcada por filas, falta de medicamentos, servidores sobrecarregados e denúncias de má gestão. As redes sociais do governador Wilson Lima (União Brasil) têm se tornado um espaço de desabafo coletivo de pacientes e servidores que relatam o colapso do sistema.
Para 2025, os parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) aprovaram um orçamento para o governo estadual de R$ 31,4 bilhões, sendo mais de R$ 4 bilhões destinados à área da saúde. Apesar disso, relatos de pacientes e servidores revelam uma realidade bem distante do que se espera com o valor repassado para investimento.
“Minha mãe está há 10 meses aguardando uma cirurgia no Hospital Delphina Aziz. A médica ainda disse: o difícil é chegar aqui, chegou aqui é rápido. E lá se vão 10 meses esperando”, escreveu um usuário identificado como Allysson Francisco Freitas, em uma postagem no perfil oficial de Lima no Instagram.
O Hospital Delphina Aziz, que o governo Wilson Lima faz questão de referenciar como símbolo de modernização na saúde durante a pandemia, também é alvo de críticas. Rocicleide Andrade, usuária do Instagram, afirmou ter presenciado “superlotação e filas gigantescas” durante visita à unidade. Outro internauta, Jucimar Pereira, denunciou a espera de oito meses por atendimento e a falta de medicamentos na Central de Medicamentos do Amazonas (Cema).
LEIA MAIS: Denúncia: delegacia sucateada no interior do AM coloca cidade inteira em risco
Servidores relatam sobrecarga e adoecimento psicológico
Mas as críticas não se limitam aos pacientes e familiares. Servidores da saúde relatam sobrecarga e adoecimento psicológico diante da falta de estrutura e reconhecimento.
“O servidor público da saúde trabalha, na maioria das vezes, doente, com problemas emocionais e mentais, tendo que fazer plano particular pra conseguir atendimento melhor e mais rápido… Precisamos melhorar o atendimento na junta médica. Quando chegamos lá doentes, somos mal recepcionados e ainda diminuem nosso tempo de atestado”, desabafou Ruilândia Moraes.
Enquanto o governo estadual enfrenta críticas, o Ministério da Saúde anunciou, neste ano, novos investimentos federais para a saúde do Amazonas. O estado foi contemplado com R$ 129,5 milhões para a construção de 40 novas unidades, entre Unidades Básicas de Saúde (UBS), Policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), por meio do Novo PAC Saúde.
Além disso, o Amazonas recebeu R$ 5,4 milhões voltados à saúde da mulher, beneficiando 1,7 milhão de mulheres em idade fértil. O recurso integra a Oferta de Cuidados Integrados (OCI) em ginecologia, anunciada neste ano pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, dentro do programa Agora Tem Especialistas. Apesar dos anúncios de investimento, a sensação entre os cidadãos é de descrédito.
“E as maternidades, governador? E as crianças morrendo? Todo dia sai uma notícia. Não vai dizer nada?”, questionou Luana Oliveira, em tom de indignação.
“Falta material, faltam ações efetivas e que funcionem, falta vergonha na tua cara!”, disparou Lays Leão, em resposta a uma publicação sobre o programa estadual Melhor em Casa.
Insatisfação da população
Mesmo com os repasses federais bilionários e os altos valores no orçamento estadual, a gestão de Wilson Lima tem falhado em garantir eficiência e transparência. O internauta Acácio Filho também desabafou sua insatisfação nas redes sociais do governador.
“Vergonhoso. Nosso governador mostrou sua incapacidade de gestão, sucateou nossa saúde para entregar aos interesses de empresas. Parabéns pela incompetência”, disse.
Enquanto o governo estadual recebe bilhões em investimentos, a população segue esperando meses e até anos por consultas, exames e cirurgias básicas. Nas unidades de saúde, o que se vê é um sistema que adoece tanto quem busca atendimento quanto quem oferece o atendimento à população.
A reportagem do Portal Alex Braga entrou em contato com o governo do Amazonas e aguarda posicionamento.
