Quinta-feira, 10 Julho

Enquanto a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc-AM), na gestão do governador Wilson Lima, já ultrapassou R$ 76 milhões em gastos contratuais nos primeiros meses de 2025, alunos da Escola Estadual de Tempo Integral Rafaiel Henrique Pinheiro dos Santos (E.E.T.I), localizada no Ramal Santa Marta, bairro Colônia Terra Nova, zona norte de Manaus, enfrentam condições precárias e perigosas. Pais realizaram uma manifestação para denunciar que a caixa d’água da escola está prestes a desabar, que crianças adoeceram após uma dedetização mal conduzida e que a merenda escolar servida inclui alimentos vencidos e de baixa qualidade.

Manifestação de pais de alunos

Segundo vídeos gravados por pais e responsáveis, a estrutura da caixa d’água é precária e representa risco iminente de desabamento. A situação, conforme os relatos, se arrasta desde 2024, sem qualquer resposta concreta das autoridades estaduais.

“A água cai do jeito que quer, a estrutura está podre e pode desabar a qualquer momento. Estão esperando uma tragédia?”, questiona uma mãe que preferiu não se identificar.

Após uma dedetização feita sem os devidos cuidados, alunos foram autorizados a retornar às salas no dia seguinte, mesmo com o forte cheiro de veneno ainda presente. O resultado: crianças com sintomas de intoxicação, como tosse, falta de ar e mal-estar. “Minha filha voltou da escola passando mal, e a escola simplesmente ignorou. Isso é desumano”, denunciou uma responsável.

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Além disso, há denúncias sobre merenda escolar vencida, casos de infecção intestinal e infestação de carrapatos dentro do prédio escolar. “Minha filha comeu bolacha vencida e passou mal. Quando reclamei, a escola tentou me culpar, dizendo que foi algo que mandei de casa. Mas minha filha só come a merenda da escola”, relatou outra responsável.

Milhões gastos enquanto escolas desabam

Apesar da precariedade enfrentada por alunos e professores, a Seduc-AM, comprometeu mais de R$ 76 milhões em contratos com empresas privadas só nos primeiros meses de 2025, segundo dados do Portal da Transparência e do Diário Oficial. Entre os contratos mais caros:

R$ 54,7 milhões para a empresa Andrey e Souza Serviços, para manutenção em subestações elétricas escolares.

Contrato Andrey e Souza Serviços

Mais de R$ 21 milhões com a Movenorte, para fornecimento de móveis escolares.

Contrato Movenorte

Quase R$ 1 milhão com a PS Serviços, para recarga de extintores.

Contrato PS Serviços

Total estimado de gastos da Seduc-AM em 2025: R$ 76.781.110,80

Esses valores contrastam fortemente com a realidade vivida nas escolas públicas.

A Escola Estadual Rafaiel Henrique atende crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental — uma faixa etária que deveria estar segura em um ambiente saudável. No entanto, o que se vê sob a atual gestão é um retrato do abandono da educação pública no Amazonas.

NOTA

O Núcleo de Reportagem Investigativa do Portal Alex Braga entrou em contato com a Seduc-AM para questionar a situação da escola, mas até a publicação desta matéria não obtivemos respostas. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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