O deputado estadual e presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Sinésio Campos, tem protagonizado uma aliança nada silenciosa com o governo Wilson Lima (UNIÃO), nos bastidores da política local. Afirmando ser um representante do povo e da esquerda amazonense, Sinésio não passa de um político conveniente com alianças firmes com o atual governador do Estado.
INDICAÇÃO E NOMEAÇÃO DE DIONÍSIA
Utilizando de sua influência no Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado estadual emplacou sua filha Dionísia Soares Campos como superintendente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Amazonas, que é um órgão federal.

Dionísia vinha sendo indicada por Sinésio desde abril de 2023, mas só foi nomeada em janeiro de 2024 ao cargo que ocupa até os dias atuais.
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NOMEAÇÃO DE JULIANO VALENTE
O engenheiro civil Juliano Marcos Valente de Souza, ex-esposo de Dionísia Campos e ex-genro do deputado Sinésio, foi nomeado diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) no primeiro dia de Wilson Lima como governador do Estado. Na ocasião, Sinésio Campos já estava em seu 5º (quinto) mandato como deputado estadual, o que configura suposta influência e poder suficiente para obter favorecimento e cargos para parentes, como é o caso de Juliano.

Polêmicas na família de Sinésio
A filha e o ex-genro de Sinésio Campos são alvos da ‘operação Expurgare’ da Polícia Federal, deflagrada em dezembro do ano passado, que investiga o suposto envolvimento do casal em um esquema criminoso de grilagem de terras, exploração ilegal de madeira e fraudes na geração de créditos de carbono na Amazônia.
A operação Expurgare é um desdobramento da operação Greenwashing, cuja investigação resultou em prisões e buscas e apreensões em junho de 2024. A atual fase está mais focada na investigação sobre esquema de “esquentamento” de madeira ilegal.
Conforme a PF, a organização criminosa contava com participação de servidores em cargos estratégicos e de direção do Ipaam.
“Esses servidores utilizavam suas posições para facilitar práticas ilegais, como a emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e autorizações irregulares para desmatamento”.
Comunicado oficial da PF
A investigação é conduzida pela superintendência da PF em Rondônia e conta com o apoio de unidades em outros estados.
Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão e duas prisões preventivas, além de sequestro de R$ 20 milhões em bens e valores, além de descapitalizar mais de R$ 1 bilhão oriundo do esquema criminoso.
Posicionamento dos órgãos afetados
O cargo de superintendente federal na Secretaria-Executiva de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas, ocupado por Dionísia Campos, é vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária. Mesmo após as investigações e ações de mandado de busca e apreensão, realizadas pela Polícia Federal contra a filha do deputado Sinésio, nem o ministro da pasta, Irajá Lacerda, nem o governo federal se manifestaram, até o momento.
Dos servidores investigados que trabalhavam no Ipaam, onze pessoas foram proibidas de frequentar as dependências do órgão. Além disso, o diretor-presidente Juliano Valente, ex-genro de Sinésio, foi afastado e posteriormente exonerado do cargo, sendo sucedido interinamente por Rosa Mariette Oliveira Geissler.
“Nova” gestão do Ipaam
Após as polêmicas envolvendo Juliano Valente e sua exoneração, o engenheiro ambiental e empresário Gustavo Picanço Feitoza, que atuava como superintendente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (CREA-AM), foi nomeado como novo diretor-presidente do IPAAM.

A nomeação foi oficializada em publicada no Diário Oficial do Estado do Amazonas no último dia 14 de janeiro.

Além disso, diversos veículos têm afirmado veementemente que a indicação de Gustavo está diretamente ligada a Wilson Lima. No entanto, informações apuradas com exclusividade pelo Núcleo de Investigação do Portal Alex Braga (PAB) mostram que Gustavo, na verdade, também é próximo do deputado Sinésio, o que mostra uma troca de gestão de “aparências”, com Sinésio ainda à frente do comando da pasta.

Não bastasse isso, outros veículos de comunicação noticiaram uma fala grave proferida pelo governador Wilson Lima. Segundo informações do portal Brasil Norte de Comunicação (BNC), Lima disse, ontem (15), que a mudança que ele fez no comando do Ipaam não desprestigia o deputado Sinésio Campos.
“O Sinésio é meu aliado. Ele é muito importante no setor, historicamente”.
Wilson Lima
Os escândalos de Wilson Lima e o silêncio de Sinésio
O PAB tem sido um veículo de comunicação importante na denúncia de escândalos e supostos descasos com o dinheiro público, cometidos pela gestão de Wilson Lima. Nossa equipe investigativa denunciou supostos favorecimentos a deputados aliados, contratos milionários suspeitos, além de casos investigados pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM).
No entanto, diante de todos os casos polêmicos, o deputado Sinésio Campos, que deveria ser um fiscalizador do governo, emitiu um silêncio ensurdecedor, contrariando até mesmo as siglas políticas dele e de Lima que, na teoria, são algozes: PT sendo um partido de esquerda; e o União Brasil de centro-direita.
Posicionamento
Nossa equipe solicitou o posicionamento do deputado via e-mail, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos retorno. Porém, reiteramos que o espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos por parte de Sinésio.
