Manaus – Após a omissão do governador Wilson Lima (UB), a má gestão de Marcellus Campêlo e o silêncio de Roberto Cidade (UB), durante a pandemia de Covid-19 que assolou o Amazonas por três ondas seguidas e matou pessoas asfixiadas sem oxigênio, agora, o Portal Alex Braga revela que as usinas compradas de oxigênio pagas por mais de R$ 40 milhões continuam sem utilização e a falta de oxigênio perdura. Se o Amazonas tiver outra crise como a da pandemia, mas pessoas morrerão.
Apesar das inúmeras denúncias sobre o caso, ninguém foi condenado pelo colapso e pelas mortes por asfixia aos amazonenses.
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O silêncio, a dor, o desespero, a angústia resumem bem a perda de entes queridos de milhares de amazonenses que sequer puderam enterrar seus familiares.
Usinas superfaturadas
Durante a pandemia, o Governo do Estado, por meio da SES-AM, licitou e pagou R$ 41.206.000,00 (Quarenta e um milhões e duzentos e seis mil reais) na aquisição de 29 usinas de oxigênio, adquiridas da empresa VIEIRA E ROCHA COMERCIO ATACADISTA DE PRODUTOS QUÍMICOS LTDA (hoje X-BRASIL Ltda) sob CNPJ nº. 22.646.044/0001-26.
A grave denúncia chegou ao Núcleo de Investigação do PAB, e mostra que a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) é possivelmente o principal reduto de corrupção na gestão de Wilson Lima à frente do Executivo estadual. O escândalo nacional dos respiradores comprados em uma loja de vinho é apenas uma das tantas supostas fraudes na saúde do Estado.
Segundo informações, as usinas superfaturadas não operam desde março de 2022.
Ao todo, foram adquiridas 29 usinas, sendo 20 direcionadas para as seguintes unidades da capital:
- SPA Alvorada – 01 Usina;
- SPA Coroado – 01 Usina;
- SPA e Policlínica Dr. José de Jesus Lins – 01 Usina;
- SPA Eliameme Rodrigues Mady – 01 Usina;
- SPA Zona Sul – 01 Usina;
- SPA São Raimundo – 01 Usina;
- SPA e Policlínica Danilo Correa – 01 Usina;
- UPA José Rodrigues – 01 Usina;
- Maternidade Balbina Mestrinho – 01 Usina;
- HPSC Zona Oeste – 01 Usina;
- HPSC Zona Sul – 01 Usina;
- HSPC Zona Leste – 01 Usina;
- Fundação Hospitalar Adriano Jorge (FHAJ) – 01 Usina;
- Hospital e Maternidade Chapot Prevost – 01 Usina;
- SPA Antônio Aleixo – 01 Usina;
- Fundação Hospitalar HEMOAM – 01 Usina;
- SPA Joventina Dias – 01 Usina;
- Maternidade Alvorada – 01 Usina;
- Maternidade Dona Nazira Daou – 01 Usina;
- Hospital Infantil Dr. Fajardo – 01 Usina.
As outras 09 usinas foram enviadas para cidades do interior, sendo elas:
- Guajará;
- Nhamundá;
- Boca do Acre;
- Benjamin Constant;
- Itapiranga;
- Careiro:
- Novo Aripuanã;
- Fonte Boa;
- Borba.
As usinas fornecidas pela empresa Viera e Rocha foram repassadas ao governo do Estado com cerca de 100% de possível superfatura. Isso porque, a Valmig, empresa paulista que forneceu as usinas, passou dois tipos de equipamentos, sendo uma das usinas no valor de R$ 845 mil e a outra no valor de R$ 765 mil, cada.
Isso porque, a Valmig, empresa paulista que forneceu as usinas, passou dois tipos de equipamentos, sendo uma das usinas no valor de R$ 845 mil e a outra no valor de R$ 765 mil, cada.
Ocorre que, para a Secretaria de Saúde, a empresa vencedora da licitação passou as usinas pelos valores de R$ 1,5 milhões e R$ 1,1 milhão, respectivamente.
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Wilson Lima e Marcellus deixam usinas paradas
Nossa equipe de reportagem foi até duas unidades denunciadas e constatou que as usinas estão paradas até hoje.
O primeiro endereço o Serviço De Pronto Atendimento – SPA São Raimundo, que conta com uma unidade de usina fornecida pelo governo está totalmente abandonada. Durante a ida até o local imagens foram gravadas.
A outra unidade de saúde é o Hospital e Pronto-Socorro da Criança Zona Oeste, o local está completamente abandonado e acumulando lixos.
O que diz a população sobre o caso
A constatação do abandono das usinas pela equipe de reportagem do Portal Alex Braga, fomos as ruas da capital amazonense saber o que diz a população.
Absurdo, falta de fiscalização, indignação, falta de respeito com a população, falta de compromisso. Essas são algumas das falas que a nossa equipe ouviu da população manauara que não acredita mais no governo gerenciado por Wilson.
“Eu acho um absurdo, sabemos que na época da Covid-19 pessoas morreram dentro dos hospitais de Manaus. E hoje, a gente fica sabendo que essas usinas estão estragando, isso é absurdo por que temos pessoas dentro da Assembleia sem fiscalizar. É muito fácil falar ‘eu tõ pronto na frente da TV’ e não fazer nada”, disse a primeira entrevistada.
“É uma falta de respeito e consideração com as famílias que perderam seus entes queridos durante a Covid. É uma falta de respeito com a população ele [Wilson Lima], não ter promovido os oxigênios”, disse um rapaz.
“Ele é o pior tipo de governador, eu não gosto dele. Um governador superficial, só ganha as eleições comprando voto”, afirmou o rapaz que perdeu dois familiares durante a pandemia.
“Eu acho um absurdo o governo Wilson Lima, que infelizmente é o governador do Estado. É uma corrupção total”, afirma o terceiro entrevistado.
“O nosso governo não é um bom governo, ele não estabelece o que fala na programação. Quando chega nas eleições, eles falam uma coisa e não cumprem”, diz uma entrevistada.
A indignação ocorre em todas as falas. Todos os entrevistados autorizaram o uso de imagem e voz.
Veja vídeo
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O trio Wilson, Marcellus e Cidade
Relembrar as histórias e os episódios que marcaram o maior colapso sanitário do Amazonas é dramático diante da iminência de três ondas consecutivas de Covid-19 e a falta de responsabilidade das autoridades.
O número de mortes provocadas pela Covid-19 no Amazonas chegou a mais de 14 mil. Desse total, 7.810 mortes foram registradas somente em Manaus.
Na primeira onda da pandemia de Covid-19 entre março a agosto de 2020, a cidade de Manaus ficou marcada pela forte disseminação do vírus. A rede pública de saúde saturou, resultando em um explosivo número de mortes e subsequente colapso do sistema funerário, marcado por enterros desumanos, em valas coletivas, de parte das mais de 2.500 vítimas com a covid-19 confirmada.
Em 2021, a variante Ômicron veio na segunda onda da pandemia e em somente 21 dias o Estado colapsou e teve 1.333 mortes. Naquele ano, Manaus foi recorde em relação aos enterros. O total realizado no mês de janeiro foi de 2.964 – o maior número de sepultamentos realizados em um único mês desde o início da pandemia.
Manaus foi a capital que mais apresentou o maior excesso de mortes, com 758% de óbitos por causas respiratórias.
A terceira onda que começou em janeiro de 2022, já foi mais controlada. Durantes as postagens de boletins em 25 de janeiro de 2022, a cidade tinha 49 mortes confirmadas por Covid-19 entre o inicio do mês.
Casos confirmados e óbitos
Foram confirmados em 2022, 738 novos casos da doença, o que totaliza 549.076 registros no Estado, segundo o boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).
Dos 549.076 casos confirmados no Amazonas, sendo 263.141 de Manaus (47,86%) e 285.935 do interior do estado (52,14%).
O total de óbitos por Covid-19 no Amazonas chegou a 14.422 e infectados o total de 625.327 segundo informações do Portal de Monitoramento do Amazonas.
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Wilson Lima e sua omissão
Durante o governo de Wilson Lima, que começou em 2019, na pasta da Secretaria de Saúde (SES-AM), passaram-se seis secretários sendo Nayara Maksoud a atual no comando. E outros quatro investigados pela Polícia Federal durante a Operação Sangria.
Relembre Operação Sangria
A Operação Sangria teve início em 2020, para investigar fraudes em licitações e desvios de verbas públicas no governo de Wilson Lima, que deveriam ser usados no combate à Covid-19.
Em junho de 2020, a PF iniciou a investigação sobre o desvio de verbas no esquema de compra de respiradores, com dispensa de licitação, de uma importadora de vinhos.
Em uma manobra conhecida como triangulação, a empresa fornecedora de equipamentos de saúde, que já havia firmado contratos com o governo do Amazonas, vendeu respiradores para uma adega por R$ 2,480 milhões. Ainda no mesmo dia, a importadora de vinhos revendeu os equipamentos para o Estado por R$ 2,976 milhões. Após receber valores milionários em sua conta, a adega os repassou integralmente à organização de saúde.
A investigação encontrou registros comprovando a ligação entre agentes públicos e os empresários envolvidos na fraude.
Durantes as três primeiras fases secretários e o ex-vice governador da pasta da saúde foram intimados, sendo eles: Simone Papaiz, Rodrigo Tobias, Carlos Alberto Souza de Almeida Filho e Marcellus Campelo.
Na quarta fase, as investigações ocorrem sobre as supostas irregularidades na construção do hospital de Campanha Nilton Lins, em Manaus, usado para o combate à Covid-19. Na época, o secretário de Saúde do Amazonas era Marcellus Campêlo, que foi alvo de mandado de prisão e acabou preso. Além dele, outras cinco pessoas também foram detidas.
Cargo na UGPE
Na época, a pedido de Wilson Lima, Marcellus permaneceu no governo como coordenador da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), responsável pelo Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), órgão no qual ele já atuava desde o início da atual gestão, em 2019.
Em abril de 2020, Campêlo foi convocado para atuar no Comitê de Crise do Governo, no primeiro pico da pandemia de Covid-19. Mesmo assumindo a SES em junho de 2020, ele continuou à frente da UGPE. Atualmente Marcellus continua no comando da UGPE.
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Silêncio de Roberto Cidade
Em 2021, Roberto Cidade já era presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), na época ele chegou a anunciar que iria abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.
O requerimento para instalação foi apresentado na época pelos deputados da Casa Legislativa Wilker Barreto e Dermilson Chagas, para investigar os gastos com os recursos federais e estaduais com a pandemia da Covid-19 no Amazonas.
Na sessão de julho de 2021, Roberto Cidade disse na tribuna que: “Há muitos dias eu vinha pensando sobre a CPI que aconteceu no ano passado, uma CPI que com certeza teve frutos e um trabalho digno realizado por todos os membros. Esse ano a Assembleia Legislativa precisa continuar com esse trabalho. Então, como presidente deste Poder, quero dizer que estarei assinando a CPI da Pandemia. Tenho plena convicção que estou fazendo meu papel como parlamentar e presidente do Poder Legislativo”, afirmou Roberto Cidade.
Porém, nada aconteceu e Roberto Cidade silenciou sobre o caso até hoje. Nunca houve nenhuma CPI aberta, investigação ou fiscalização no governo Wilson Lima sobre a gestão na pandemia.
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SES silencia
O Núcleo Investigativo do PAB, enviou para a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), um e-mail questionando sobre o não funcionamento dessas usinas.
Até a publicação da matéria nossa equipe não obteve retorno.
Envia sua denúncia ou sugestão para a nossa linha direta por meio do número (92) 98144-6017.