Sábado, 5 Outubro

Com salário de mais de R$ 31 mil, Cotão de mais de R$ 44 mil e muito tempo para pensar, os deputados estaduais Adjuto Afonso e Roberto Cidade decidiram ignorar a falta de segurança pública, saúde e as denúncias de corrupção no governo Wilson Lima, e criaram duas Leis impensáveis para a população que sofre as mazelas de um Estado desigual. Os dois homenagens oficiais à melancia e ao abacaxi no Amazonas.

De acordo com os aliados do governador Wilson Lima, a quem por dever de ofício deveriam investigar, as duas Leis são forma de incentivar a produção das frutas no interior do Amazonas. Vale lembrar que a família de Roberto Cidade deve mais de R$ 100 mil a um feirante na cidade, ironia do destino, um fornecedor de frutas que os parlamentares alegam incentivar como forma de geração de emprego e renda.

POLÍTICA DA MELANCIA E ESCOLA DESABADA

Enquanto a população de Iranduba sobre com ruas esburacadas, sucateamento do hospital Hilda Freire e tráfico de drogas, desde fevereiro, por decreto da Assembleia presidida por Roberto Cidade o município é a capital amazonense da melancia.

Sem apresentar propostas para minimizar os principais problemas da cidade que fica na Região Metropolitana de Manaus e vive situação de emergência por causa da seca, Adjuto e Roberto Cidade tentam justificar a Lei.

“A melancia é uma fruta muito popular no Brasil, sendo consumida em diversas formas, como sucos, saladas e sobremesas. A região amazônica possui características favoráveis ao cultivo de frutas tropicais por suas condições de clima – quente e úmido – e solo ideais, porquanto, a produção de melancia em Iranduba se destaca, ao passo que contribui para a economia local e nacional, além de fornecer uma fruta saborosa com características de notável dulçor para os consumidores. Segundo o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas – IDAM, Iranduba é o maior produtor de melancia no Amazonas”.

Quatro meses antes da ideia dos parlamentares, Iranduba viu uma escola construída no barranco cair. A Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, na Comunidade Furo Paracuuba, foi abaixo.

Família ficaram desabrigadas na mesma região, e os alunos perderam a escola. Mas para Cidade e Adjuto, o que chamou a atenção foram as melancias.

POLÍTICA DO ABACAXI E UPA SEM AMBULÂNCIA

Se Iranduba foi contemplada com a política da melancia, sobrou para Itacoatiara a política do abacaxi. A Lei assinada pelos parlamentares contratas com a situação da saúde na cidade.

No último dia 28 de agosto, o MP instaurou procedimento para apurar a situação precária da UPA na cidade. Sem ambulância, com gerador de energia defeituoso, aparelho de raio-X e microscópio com problemas, colchões em mau estado, sala de emergência com estrutura deficiente, recepção e banheiros com funcionamento comprometido, além da ausência de um sistema de segurança e de estruturas de acessibilidade.

Leia mais: Carne e unha: Cidade e Wilson unidos pela Operação Sangria

Esses foram os problemas constatados pela 3ª Promotoria de Justiça de Itacoatiara, durante visita institucional à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do município, e que deram origem a uma notícia de fato endereçada às secretarias municipal e estadual de Saúde.

O propósito do documento, assinado pelo promotor de Justiça Vinícius Ribeiro de Souza, é a apuração das irregularidades e posterior resolução dos problemas. ”As secretarias de saúde serão oficiadas para que apresentem informações a respeito dos problemas encontrados na UPA e quais medidas serão adotadas para a solução, em vista da urgência das demandas. É importante lembrar, inclusive, que houve vultoso investimento público para a construção e inauguração dessa unidade de saúde, não sendo correto que a falta de manutenção ocasione uma interrupção desse serviço à população e até mesmo o desperdício do erário público”, comentou o promotor.

Mas para Roberto Cidade e Adjuto Afonso, que chamou a atenção foram os abacaxis: