A campanha eleitoral em Parintins ganhou uma nova e grave dimensão com as recentes acusações que ligam Brena Dianná (União), candidata à prefeitura, a um acordo com o tráfico de drogas local, mais especificamente com Felipe Conceição Ribeiro, conhecido como “Filipinho”. Investigado em diversos processos e com um histórico extenso de prisões relacionadas ao tráfico de drogas, ele é uma figura central no crime organizado da cidade. Ele foi preso recentemente ao sair de uma boate em uma operação da Polícia Civil, como parte de uma investigação sobre sua atuação no tráfico de entorpecentes na região.

Além do histórico criminal de Filipinho, ele tem sido visto participando de eventos de campanha da candidata, inclusive com fotos ao lado da candidata circulando nas redes sociais. A presença do traficante ao lado de Brena gerou revolta entre os eleitores de Parintins, levantando questionamentos sobre os rumos da candidatura e as supostas ligações entre política e o crime organizado.

Fontes locais revelam que o acordo entre Brena e Filipinho vai além de um simples apoio eleitoral. Parte desse pacto incluiria a criação de uma Secretaria de Direitos Humanos no governo municipal, caso a candidata vença as eleições, e o cargo de secretário seria entregue ao advogado Lucas Luiz Castro de Souza, que defende Filipinho em seus processos criminais. Lucas teria papel central na proteção dos interesses do grupo criminoso dentro da administração pública, consolidando a influência do tráfico no poder político da cidade.
Filipinho, que já foi preso diversas vezes, é apontado como um dos maiores distribuidores de drogas na região e exerce forte controle em áreas periféricas de Parintins. Nessas regiões, somente os candidatos aliados de Filipinho, como Brena, têm permissão para realizar campanhas eleitorais, enquanto outros candidatos, como Mateus Assayag (PSD) e Michelle Valadares e outros candidatos a vereadores, enfrentam impedimentos. Em diversas ocasiões, apoiadores de Mateus e Michelle relataram que foram impedidos de fazer campanha em áreas dominadas pelo tráfico, sob ordens diretas do traficante e seus aliados.

Outro ponto crítico das acusações contra Brena envolve a remoção de policiais militares que atuavam no combate ao tráfico de drogas em Parintins. Após o Festival de Parintins, vários PMs foram transferidos da cidade para outros municípios, supostamente a pedido do grupo criminoso, que teria negociado essas remoções. Esses policiais eram os que seriam os que mais combatiam o tráfico na região, e a mudança abriu caminho para a atuação mais livre dos criminosos. As transferências estão registradas no Diário Oficial da Polícia Militar.
Manipulação – Desde a chegada da Rocam (Ronda Ostensiva Cândido Mariano), uma unidade especializada no combate ao tráfico de drogas, em Parintins, não houve operações significativas contra o tráfico. Em vez disso, as abordagens da Rocam têm se concentrado em candidatos da oposição, como o motorista do prefeito Bi Garcia, Mateus Assayag, seu motorista, candidatos a vereadores e apoiadores políticos, gerando indignação e suspeitas de uso indevido da força policial para favorecer aliados do crime organizado.
Mateus Assayag, também candidato à prefeitura de Parintins pelo PSD, manifestou publicamente seu repúdio às ações da Rocam em sessão na Câmara Municipal. Ele apontou que as ações da Rocam têm se voltado apenas contra seus apoiadores, ignorando os verdadeiros responsáveis pela violência e pelo tráfico na região.
As acusações levantadas contra Brena Dianná não se limitam apenas à sua suposta ligação com Filipinho. Elas trazem à tona uma questão mais ampla sobre a influência do crime organizado na política local e o impacto que essa aliança pode ter sobre o futuro da cidade. Com o pleito se aproximando, a preocupação cresce entre os eleitores, que temem o avanço do tráfico sobre as estruturas do poder municipal.
Áudio em redes sociais –Para agravar ainda mais a situação, um áudio que circula nas redes sociais, atribuído a uma figura conhecida no tráfico local, chamada Dega, reforça o controle que o crime organizado exerce sobre as campanhas eleitorais em Parintins. Dega, que comanda o tráfico no Residencial Parintins, é apontada como outra liderança criminosa que impede a campanha de candidatos que não estejam alinhados com os interesses do tráfico. A gravação reforça o problema, já que o controle territorial e político por parte dos traficantes parece se estender por diversas áreas da cidade.

No áudio, Dega é clara em sua ameaça aos candidatos que apoiarem Mateus Assayag, demonstrando o nível de intimidação que o tráfico impõe nas regiões sob seu controle. “Eu só vou deixar um comunicado aqui nesse grupo e nos outros grupos que eu vou comunicar também. Nem tentem trazer Mateus Assayag aqui no bairro. O candidato que for do Mateus, que quiser fazer sua candidatura, pedir apoio, pedir voto aqui no bairro, ele vai ser bem-vindo desde que ele não venha trazer o nome de Mateus Assayag no nosso bairro. Porque se a gente souber quem é o responsável que vai trazer ele dentro do bairro, pode até trazer, mas no outro dia vamos ter uma grande conversa.”