Sexta-feira, 5 Julho

Denúncias graves sobre um suposto esquema de ‘rachadinha’, envolvendo o vereador Carpê e duas de suas irmãs, chegaram ao núcleo de investigação do Portal do Alex Braga, que conta com exclusividade os detalhes sobre como funciona o suposto conluio, quais assessores participam, quais irmãs são suspeitas de envolvimento e como os servidores são ‘maltratados’ no dia a dia do gabinete do parlamentar e em período de campanha.

‘Seu salário é nosso’

O suposto esquema conta com três assessoras do vereador Carpê, sendo elas:

Os salários das três assessoras são iguais, sendo todos no valor de R$ 8.968,11 (Oito mil, novecentos e sessenta e oito reais e onze centavos) respectivamente.

As fontes que relataram o suposto crime, cometido no gabinete de Carpê, afirmam que as assessoras Ezilane Barcelos e Aline Costa repassam mais da metade de seus salários para Naianne Veras e Caroline Andrade, respectivamente, ambas irmãs do vereador. Já a parte que a assessora Raquel Catão repassa, vai para os custeios de aluguel do prédio onde funciona o gabinete externo de Carpê.

Montagem: por Portal do Alex Braga/Fontes Anônimas

Segundo informações das fontes, as irmãs do vereador têm autonomia para nomear, exonerar, cobrar material e gerenciar todos os movimentos de campanha e dos assessores como se chefes fossem.

Entre o material obtido com exclusividade pelo núcleo de investigação do portal do Alex Braga, está o áudio a seguir, que mostra a irmã Naianne Veras cobrando os “voluntários” para trabalhar e divulgar a campanha de Carpê, mesmo aos fins de semana. Confira.

A denúncia contém acusações de assédio moral, abuso de poder e coação supostamente cometidos por Carpê e seus parentes. Em um dos prints, é possível ver que o então candidato a deputado estadual chama a atenção de um “voluntário” que o teria chamado de Carpê, ao invés de ‘Capitão’ Carpê, durante realização de propaganda eleitoral com uso de carro com alto-falantes.

No print, o vereador pergunta quem é o responsável pelo “erro” e ainda diz: “Meu nome de trabalho é Capitão Carpê, certo? Se não sabes, deverias saber, já que trabalhas comigo.”

Entre as mensagens, uma das irmãs do vereador também repreende o “voluntário” e afirma: “Teu chefe se chama Capitão Carpê! Esse tempo todo ainda não aprendeu?”

‘Meu gabinete, minhas regras’

As fontes que entraram em contato com nossa equipe, afirmaram que não era somente em campanha que os “voluntários” passavam por constrangimentos. Segundo a denúncia, havia uma escala com os nomes de vários assessores para organizar a limpeza do banheiro e do gabinete de Carpê. Além destes serviços, os servidores deveriam fazer o café. Veja abaixo.

**Os nomes dos servidores foram riscados para evitar exposição

Nossa equipe investigativa apurou e identificou que uma empresa chamada LS SERVIÇOS DE ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS EIRELI foi a responsável pela limpeza e manutenção interna e externa da Câmara Municipal de Manaus, incluindo os gabinetes dos vereadores entre os anos de 2018 e o início de 2024.

Já em fevereiro deste ano, foi a empresa SILVA SERVIÇOS COMBINADOS PARA APOIO A EDIFÍCIO LTDA a ser contratada pela CMM para os serviços de conservação e limpeza em geral da Câmara Municipal.

Contrato firmado entre a empresa Silva Serviços e a CMM

O fato de a Câmara Municipal de Manaus possuir empresa terceirizada para a prestação de serviços de limpeza e manutenção, ao mesmo tempo em que assessores de gabinete do vereador Carpê são escalados para lavar banheiro, limpar o gabinete e fazer café. configura suposto assédio moral, além de possível abuso de poder, coação e desvio de função.

Em denúncia, nossas fontes disseram que os serviços faziam parte da rotina dos assessores no gabinete sob pena de exoneração, caso os servidores se recusassem a limpar o local.

As denúncias ainda apontam que a responsável por organizar a escala era Daiandrya Rebeca Veras Tavares, sobrinha de Carpê, que também já foi servidora da casa legislativa do município.

Daiandrya Rebeca Veras Tavares, sobrinha de Carpê. Foto: Redes Sociais

Segundo dados do portal da transparência, Daiandrya foi servidora comissionada da CMM por cerca de 02 (dois) meses, sendo nomeada em janeiro de 2021 e exonerada em março do mesmo ano.

Nomeação e Exoneração de Daiandrya Rebeca Veras Tavares. Fonte: Portal da Transparência da CMM

Nos meses em que permaneceu como servidora comissionada da CMM, Rebeca recebia um salário de R$ 4.428,64 (Quatro mil, quatrocentos e vinte e oito reais e sessenta e quatro centavos).

As fontes relataram ainda, que, assim como as tias Naianne Veras e Caroline Andrade, Rebeca agia como quem comandava de fato o gabinete de Carpê e tinha liberdade para “mandar e desmandar” no cotidiano dos assessores.

‘Não precisa confiar em mim, apenas vote’

Uma outra denúncia que chegou ao núcleo de investigação do portal do Alex Braga dá conta sobre o vereador Carpê mentir sobre o local onde mora. Carpê afirma publicamente que mora até os dias de hoje na Vila Marinho, localizada no bairro Compensa, zona oeste de Manaus.

Porém, denúncias dão conta de que Carpê na verdade reside em um condomínio de luxo localizado na Ponta Negra, bairro nobre da zona oeste da capital amazonense. É o que mostra a conversa abaixo, entre nosso núcleo de investigação e um dos moradores do condomínio.

Fonte confirmando que Carpê mora no condomínio de luxo localizado na Ponta Negra

Diante de tantas denúncias, nossa equipe investigativa questiona: como um vereador que prega a transparência, honestidade e confiança, permite com que parentes seus recebam dinheiro de servidores, cometendo suposto crime de ‘rachadinha’? Por que o vereador permite supostos maus-tratos contra seus assessores? Por que o vereador Carpê mente sobre sua residência?

O portal do Alex Braga deixa o espaço aberto para eventuais esclarecimentos por parte do vereador Carpê a respeito das denúncias feitas contra ele.

Envie sua denúncia ou sugestão de reportagem por meio da nossa linha direta: (92) 98245-1581

Jornalista político-investigativo com meia década de carreira.