Sexta-feira, 5 Julho

Em Portugal, antes mesmo dos resultados finais, o partido Chega já celebrava os números — afinal, o partido hoje conta com 12 deputados e, segundo os resultados preliminares, alcançará 48. Neste domingo (10), a sigla confirmou ter recebido mais de um milhão de votos. A contagem já foi concluída no território português, mas continua para os votos do exterior.

— Sinto-me realizado, segundo tudo indica haverá uma maioria forte à direita para governar — disse o líder do Chega, André Ventura, que foi reeleito em seu distrito em Lisboa. — Hoje é o dia em que se assinala o fim do bipartidarismo em Portugal.

Em declarações à imprensa, ele indicou que está aberto a um eventual convite para integrar o Gabinete liderado pelos social-democratas.

— Os portugueses manifestaram-se e disseram claramente que querem um governo entre o Chega e a AD, cabe agora aos líderes políticos interpretar o que foi expresso. Não há um país que eu conheça em que um dos blocos da maioria tem mais de 20% e não há governo — declarou Ventura.

— Os portugueses deram-nos uma maioria. Seremos totalmente irresponsáveis se não concretizarmos com um governo. Temos de dar um governo a Portugal. Estamos disponíveis para construir um governo em Portugal.

Até agora, não há qualquer indício de que o Chega, pautado em um forte discurso anti-imigração e com falas xenofóbicas recorrentes, possa integrar o governo, como deseja Ventura. Na reta final de campanha, Luís Montenegro, presidente do Partido Social-Democrata, disse que “não fala” com Ventura e chegou a pedir aos eleitores do Chega que votassem em sua sigla — desde o ano passado, Montenegro vem usando a expressão “não é não” para negar qualquer acordo com a extrema-direita.

— Quero dizer a essas pessoas que compreendo-as e sei que elas não são extremistas, não são racistas, não são xenófobas — disse Montenegro, na terça-feira passada. — Eu compreendo que muita dessa força vem da frustração, da indignação, às vezes mesmo da revolta que muitas portuguesas e muitos portugueses sentem porque os poderes públicos, em particular o Governo, não está a dar a resposta que essas pessoas exigem.

Fonte: O Globo