Segunda-feira, 8 Julho

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sugeriu a formação de uma “Comissão da Verdade” para esclarecer alegadas irregularidades durante a Operação Lava Jato. O magistrado fez essa proposta durante uma entrevista à GloboNews, nesta segunda-feira, 11.

Gilmar Mendes afirmou que o acordo de leniência do Ministério Público Federal (MPF) com a J&F esconde “coisas nebulosas”. Isso porque a multa do acordo foi suspensa em dezembro de 2023, por decisão do ministro do STF Dias Toffoli.

“Há coisas nebulosas que precisam ser esclarecidas”, observou o ministro. “Talvez merecesse buscar uma Comissão da Verdade sobre isso. Há muito escombros sobre o que se passou.”

Na entrevista, o ministro também comentou sobre a relação da esposa do ministro Dias Toffoli, a advogada Roberta Rangel, com a J&F.

Ao abordar o assunto, Gilmar Mendes afirmou que ela não estava atuando como advogada para o grupo na ação sob relatoria de Toffoli. Também declarou estar “seguro” sobre “todas as cautelas éticas” necessárias.

Em 26 de fevereiro, o ministro André Mendonça suspendeu todas as multas da Lava Jato e autorizou a renegociação dos termos dos acordos para as empresas em um prazo de 60 dias. Entre as empresas beneficiadas estão:

• Camargo Corrêa (construtora);
• Novonor (construtora ex-Odebrecht);
• Braskem (petroquímica);
• J&F Investimentos (holding);
• Camargo Corrêa (construtora); e
• UTC Participações (holding).

Toffoli anula decisões da Lava Jato contra 23 alvos

A declaração de Gilmar Mendes está relacionada à recente decisão do ministro Dias Toffoli, que anulou as decisões do ex-juiz federal Sergio Moro contra 23 alvos de processos da Operação Lava Jato. As mudanças ocorreram entre a terça-feira 5 e a quinta-feira 7.

Além da Lava Jato, os beneficiados por essas decisões de Toffoli também foram afetados pelas Operações Integração, Quadro Negro e Piloto, que investigavam suspeitas de corrupção envolvendo o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Atualmente, o político tucano é deputado federal.

Richa já havia sido favorecido por uma decisão de Toffoli em dezembro de 2023, quando o ministro do STF anulou todos os processos contra o ex-governador. Ele também foi alvo