Sábado, 24 Maio

As eleições na Venezuela viraram alvo definitivo do governo Lula, até então aliado incondicional de Nicolas Maduro. Nesta quinta-feira (28), o petista endossou a carta do Itamaraty, que esta semana criticou a forma como o pleito é dirigido.

“Primeiro houve uma decisão boa, da candidata que foi proibida de ser candidata pela Justiça (María Corina), indicar uma sucessora (Yoris). Achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata não possa ter sido registrada”.

Leia mais: Macron diz não ao Mercosul, mas ganha medalha de Lula

A divergência entre Lula e Maduro começou com uma nota oficial do Itamaraty que foi respondida pela Venezuela, na qual o país vizinho diz não se meter nos assuntos internos do Brasil.

“Me parece que ela se dirigiu até o (Conselho Nacional Eleitoral) e tentou usar o computador, e não conseguiu entrar. Então foi uma coisa que causou prejuízo a uma candidata”, disse Lula.

Lula disse que conversou com Maduro e ressaltou que “é importante para a Venezuela voltar ao mundo com normalidade”, completou.

Venezuela rebate Lula


O governo da Venezuela repudiou na terça-feira (26) o comunicado divulgado mais cedo pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que manifesta preocupação com o processo eleitoral no país vizinho. Segundo nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores venezuelano, a mensagem brasileira emite “comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela”. 

Os venezuelanos consideram que o comunicado brasileiro “parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”. “O governo venezuelano tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as relações amistosas com o Brasil, em nenhuma hipótese emite e nem emitirá juízos de valor sobre os processos políticos e judiciais que ocorrem naquele país, consequentemente, tem a moral para exigir o mais estrito respeito pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e na nossa democracia, uma das mais robustas da região”, afirma o ministério da Venezuela. 

Posição brasileira

Em nota à imprensa, o Itamaraty disse que o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral na Venezuela. 

“O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil. O Brasil reitera seu repúdio a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”, diz a nota do MRE. 

O prazo de registro de candidaturas para as eleições presidenciais venezuelanas terminou na noite desta segunda-feira (25). Porém, a coligação de oposição ao atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou que não conseguiu registrar a candidatura da filósofa e professora universitária Corina Yoris.

A nota do MRE destaca que o impedimento do registro da candidatura não é compatível com os acordos assinados em outubro do ano passado, em Barbados, para promoção de diálogo, direitos políticos e garantias eleitorais na Venezuela. E que até o momento, não houve explicação oficial para este impedimento.