Quarta-feira, 3 Julho

A líder opositora María Corina Machado, que se opõe à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela, respondeu às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusando-o de endossar os excessos do regime chavista. Ao discutir as eleições no país, Lula questionou o comportamento dos opositores, sugerindo que candidatos impedidos de concorrer não deveriam “ficar lamentando”. Corina Machado está inabilitada por 15 anos.

“Eu lamentando, presidente Lula? Está afirmando isso por ser mulher? Você não me conhece. Luto para fazer valer os direitos de milhões de venezuelanos que me escolheram nas primárias e daqueles com o direito de votar numa eleição presidencial justa, onde derrotarei Maduro”, expressou no X (antigo Twitter), acompanhado de um vídeo com a fala do petista compartilhado abaixo.

“Você está legitimando os abusos de um autocrata que desrespeita a Constituição e o Acordo de Barbados que alega apoiar. A única verdade é que Maduro teme me enfrentar porque sabe que o povo venezuelano está nas ruas comigo hoje”, acrescentou.

Anteriormente, Lula mostrou satisfação com a convocação da próxima eleição na Venezuela, apontando para a oposição. O Conselho Nacional Eleitoral marcou a votação para 28 de julho, aniversário de Hugo Chaves, sem mencionar a candidatura de María Corina Machado, principal líder opositora, impedida de concorrer.

Após o anúncio, Lula questionou o comportamento dos opositores ao regime, fazendo paralelos com a política brasileira. “Fui impossibilitado de concorrer nas eleições de 2018; em vez de lamentar, indiquei outro candidato que participou da disputa”, referindo-se ao atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Em 2018, Lula foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Em 2021, o ministro Edson Fachin, do STF, anulou as condenações, devolvendo a Lula os direitos políticos e elegibilidade.

Na Venezuela, María Corina Machado denuncia perseguição da ditadura de Maduro. No ano passado, oposição e regime fecharam o acordo de Barbados, prevendo eleições com garantias e observadores internacionais em 2024.

Prometendo uma eleição livre e justa, a oposição elegeu Corina Machado nas primárias com mais de 90% dos votos, apesar do impedimento.

Em janeiro, o TSJ da Venezuela, com juízes vinculados ao chavismo, confirmou que Machado está inelegível por 15 anos.

O tribunal alegou que ela “participou da trama de corrupção liderada por Juan Guaidó”, opositor que se autoproclamou presidente em 2019, quando liderava o Legislativo.

A equipe da líder opositora descarta, por ora, sua desistência de disputar a presidência, embora não possa se inscrever na prática. Sem María Corina Machado, a oposição corre contra o cronograma apertado das eleições para decidir quem lançar na disputa. O prazo para formalizar candidaturas será de quatro dias, começando em duas semanas.