Domingo, 14 Setembro

O prefeito de Alto Alegre, Pedro Henrique Machado (PSD), e o empresário Handerson Torreia de Lima,  foram pegos pela Polícia Federal em conversas nada republicanas sobre os desvios do dinheiro público de Roraima pelos quais são investigados.

Nesta sexta-feira (8), algumas conversas foram reveladas e mostram que os dois aliados do governador Antônio Denarium chegaram a debochar e ironizar enquanto combinavam o suposto esquema.

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“Há um diálogo em que a sua forma perversa de pensar sobre a coisa pública fica bem nítida, uma vez que PEDRO HENRIQUE afirma: ‘Quem aprova o projeto é nós, executa e fiscaliza, só presta conta depois’. HANDERSON, prontamente, responde: ‘Eita papai. Tamo na espera’ (sic)”, diz trecho do documento da PF, que estima R$ 60 milhões de prejuízos para os cofres públicos.

Os dois estão presos, mas quando estavam soltos conversavam pelo telefone fartamente sobre o esquema. Handerson Torreia de Lima foi preso na operação Leviatã, em 29 de agosto. O prefeito Pedro Henrique se entregou à PF no dia 31 de agosto, após ficar foragido.

“GIRO” E “IMPOSTO”

Handerson usava gírias para falar com o prefeito, referindo-se a “giro” e “imposto” para falar das propinas.

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A HT De Lima, empresa de Handerson, faturava com a prefeitura de Alto Alegre e até exigiu uma funcionária destacada para cuidar dos negócios ilícitos. Handerson chega a dizer ao prefeito, de acordo com a PF, que assinou documento por ele. “Após PEDRO HENRIQUE dizer que irá a Boa Vista assinar um processo de asfalto, HANDERSON relata que já teria assinado por ele. Tal fato causou grande suspeição à equipe de análise, e demonstra, no mínimo, uma intrínseca relação entre HANDERSON e o prefeito (sic)”, diz o documento.

Tudo era feito para “evitar que os servidores da prefeitura “ficassem de olho” nos processos” e “tivessem acesso a forma como o “giro” do processo estava sendo feito”, diz a PF.

O esquema era voltado para “fazer dinheiro”. A defesa de Handerson diz que “as acusações em desfavor do Senhor Handerson não procedem e a sua inocência será demonstrada oportunamente nos autos.” A defesa do prefeito não se manifestou.

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Já a PF diz que “Claramente percebe-se que o objetivo de HANDERSON não era prestar os serviços dos quais a HT DE LIMA era responsável, possibilitando melhorias na infraestrutura do município, mas sim “FAZER DINHEIRO” sobre os convênios públicos, seja para si, para o núcleo de poder (sic)”.

Por fim, o empresário ainda orientava o prefeito. “É sua chefe, o que é seu é seu… o senhor é dono de tudo. Só me deixe alertá-lo da forma mais segura e lucrativa de fazer…”

Operação Leviatã

Deflagrada pela PF no dia 29 de agosto, a operação Leviatã cumpriu 12 mandados de busca e apreensão em Boa Vista,.

Segundo a PF, há indícios de que a organização criminosa tentaria direcionava licitações, cobrava propinas e envolvia “laranjas”.

A PF afirma que era usadas notas frias para completar os esquemas.